sexta-feira, maio 29, 2009

Azambujamos?!

O que acontece na Feira de Maio de Azambuja não cabe no imenso rol de actividades incluídas no programa. Nem se consegue contar por palavras. De 28 de Maio a 1 de Junho há que percorrer as ruas, as praças, os lugares. Abrir os sentidos e captar o mais que se consiga de tudo aquilo que possa dar prazer. São fados. São toiros. São arraias e sardinha assada. São as músicas dos Buraca Som Sistema. Os trocadilhos brejeiros do Quim Barreiros. As notas vibrantes de Ana Moura. O folclore permanente na Praça das Freguesias. É de manhã à noite. Mais tarde e noite. Mais madrugada. Os organizados podem munir-se de um programa e programar. A maioria vai à aventura.
Lê-se em diagonal. Entrada de toiros conduzidos por campinos nas ruas da vila. Todos os dias há uma. Na Sexta há um cortejo de campinos e gado à luz de Archotes. A homenagem ao campino é no Domingo às 9h30 da manhã. Espectáculo Equestre na Praça de toiros no Sábado às 21h30. Corrida à portuguesa no domingo. Às cinco em ponto da tarde.

A Câmara Municipal destacou alguns momentos no topo do folheto. Ana Moura, dia 28, quinta-feira, no Páteo Valverde a partir da meia-noite. No dia seguinte, sexta-feira, a noite da sardinha assada, Quim Barreiros canta na Praça do Município a partir das 3 (três) da manhã. Para ajudar a digestão dos mais comilões e entreter as insónias que a adrenalina provoca. Os Buraka Som Sistema dão espectáculo dia 30 de Maio, Sábado, à meia-noite, Junto à Escola Secundária. Na segunda-feira, dia 1 de Junho à meia-noite a Feira fecha com um “Espectacular Fogo de Artifício”.

in Mirante




Eu Azambujo

Tu Azambujas

Ele Azambuja

Nós Azambujamos

Vós Azambujais

Eles Azambujam

Ajambujamos todos, que é para a festa ser maior!!!

quinta-feira, maio 28, 2009

125 anos de ZOOlogia em Lisboa

O Jardim Zoológico de Lisboa foi inaugurado em 1884, situa-se bem no centro da cidade e possui uma das melhores colecções zoológicas do mundo. As primeiras instalações situaram-se no Parque de São Sebastião da Pedreira, tendo transitado em 1894 imediatamente para norte, para os terrenos de Palhavã onde hoje se situa a Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1905, o Jardim Zoológico foi transferido para a actual localização, na Quinta das Laranjeiras, em Sete Rios.

O Jardim Zoológico reúne um conjunto de espécimes animais de todo o mundo, com cerca de 2000 animais de 332 espécies diferentes, divididos da seguinte forma:
* 114 mamíferos
* 157 aves
* 56 répteis
* 5 anfíbios
* e ainda uma colecção de artrópodes.


Fonte: Wikipédia



E neste dia, será que há música mais apropriada?!...

sábado, maio 23, 2009

Os outros Z's da minha vida...


Para quem conhece e acompanha este blog, será fácil descobrir o principal Z da minha vida... é o Z do amor maior, o Z da saudade, da alegria de viver, do conhecimento... é o Z do meu anjo... Zé Vieira!...



Mas outros dois Z's existem que são também muito importantes no meu percurso, no meu passado, presente e futuro... dois Z's que, coincidentemente, estão hoje de parabéns, porque embora com uns aninhos de diferença, resolveram nascer no mesmo dia do mês de Maio...

Zizi - A professora que nunca me ensinou na escola, mas que me ensina ainda hoje na vida... a mãe dos meus meninos mais lindos, que me deu a honra de os poder chamar de afilhados (aos dois, pois... embora só tenha baptizado um, considero meu dever ajudar na formação e educação dos dois!)... a minha amiga dos dias e das noites, a quem telefono muitas vezes a tarde e más horas porque preciso de um chá, porque preciso de palavras, porque preciso de um abraço...

Zélia - A minha flor do dia... uma das primeiras a desejar-me os bons dias, todos os dias... aquela que do outro lado do ecran e do teclado me faz companhia na jornada de trabalho. Quando precisamos desabafar, quando precisamos descarregar a fúria em relação às colegas, quando apenas precisamos de alguem que não nos deixe adormecer e bater com a mona na secretária... estamos lá!!!

Parabéns às minhas Z's!... São grandes, são boas, são insubstituiveis, são minhas amigas!!!

Infecções e antibióticos...

Não haja dúvida que, quando uma pessoa começa a andar no carrossel dos hospitais, parece que tudo de mal lhe aparece ou lhe é descoberto...

Mais um vez... vivam os antibióticos!...

quarta-feira, maio 20, 2009

Ascensão é na Chamusca ...mais um ano...

Antecipando o feriado da 5ªfeira de Ascensão, vou aproveitar para falar já hoje das tradições deste momento, no nosso Ribatejo... sim, porque amanhã posso estar com dores de cabeça a mais para o fazer ;)


De tradição inicialmente religiosa, hoje é o ponto alto das festividades na Vila da Chamusca, atraindo milhares de visitantes de toda a região. "Da Páscoa à Ascensão, quarenta dias vão"... é a nossa Festa maior, a meio da Primavera, com a Natureza Madura, os dias cheios de sol e uma imensa alegria que emana da terra e dos homens.

Festa profundamente rural, ligada ao aloirar das searas e à multiplicação das flores, que anunciam pão e vida, simbolizadas no raminho da espiga, a Ascensão é também a comemoração da subida de Cristo ao Céu, fechando um ciclo de quarenta dias que se abriu pela Páscoa. Céu e Terra, Fé e Festa, tudo aqui se conjuga, numa semana de Maio, em que o Concelho se olha e se mostra, assumindo a sua alma agrária e o seu jeito de viver, neste imenso espaço que tem, de campina e de charneca, entre o Tejo e o Alentejo.


Sempre a Ascensão foi uma festa nestas terras onde estamos, mesmo não sendo feriado, como agora é, nem havendo, nem se sonhando, com formas organizadas de pôr a Festa de pé. Sempre o povo soube guardar a Quinta-Feira de Espiga, dia sagrado da terra, em que largava a enxada e ia por esses campos, folgando e colhendo espigas, malmequeres, papoilas, esgalhos de cepa, raminhos de oliveira, pés de alecrim e de rosmaninho florido para compor o raminho que levava para casa, lá ficando o ano inteiro, pendurado na parede, bendita a terra que é farta, louvado seja o Senhor.


Esta é a essência da Festa, um hino à força e à generosidade da Natureza de que depende a nossa vida. Festa da terra e do gado, toda a gente sai à rua, Quinta-Feira de Ascensão, para ver a entrada de toiros pelas ruas da Chamusca, o campo invadindo a vila, uma emoção incontida, uns instantes que valem toda uma manhã de espera, os olhos cheios de cor, uma sensação que não se explica, para o ano cá estaremos outra vez. E à tarde a Corrida da Ascensão, não há praça como a nossa, aqui a Festa é diferente, nesta arena se revê o nosso jeito toureiro, o lado da nossa alma forjado nas tralhoadas, gerações e gerações, a paciência dos homens, a força bruta dos toiros, uma relação de séculos que temos uns com os outros.

Enche-se a vila de gente que aqui vem para ver a Festa, assistir aos espectáculos, apreciar o artesanato e o dinamismo de inúmeras actividades, provar da nossa gastronomia, deliciar-se com os petiscos das tasquinhas, reencontrar os amigos, beber um copo com eles. Todo o concelho aqui está, ao alcance do nosso olhar, uma freguesia por dia a mostrar os seus valores, e há um mar de gente jovem, que desagua a meio da Festa, um Dia da Juventude com muita cor e alegria, é nela que a gente vê o futuro que vai ter, a festa da vida que irá para além de nós...

A Espiga da Ascensão
Um símbolo muito especial dos costumes e tradições da nossa terra...

O ramalhete da espiga não tem uma composição fixa, variando muito de região para região e até de terra para outra terra. No entanto, há mais alguns elementos que surgem quase sempre e que encerram uma simbologia especial.

Em vários locais do Ribatejo colhem-se habitualmente três(1) espigas de trigo (e/ou cevada e/ou centeio), três malmequeres amarelos (brancos) e três papoilas, mais um raminho de oliveira em flor, um esgalho de videira com o cacho em formação(2) e um pé de alecrim ou de rosmaninho florido(3).

As espigas querem dizer fartura de pão; os malmequeres, riqueza; as papoilas, amor e vida; a oliveira, azeite e paz; a videira, vinho e alegria; o alecrim ou o rosmaninho, saúde e força. Guardado em casa, o rosmaninho da espiga não deve ser perturbado na sua quietude, sendo substituido apenas no ano seguinte por outro igual mas mais viçoso.

(1) No ramo, as espigas e outros elementos podem ser um, três ou cinco cada, mas sempre em números ímpares.
(2) Este costume de colher ramos de oliveira em flor e vides com cachos de uva em formação deu azo, em tempos idos, a muitos protestos de agricultores que, em Quinta-Feira de Espiga, viam seus olivais e vinhedos invadidos por ranchos de gente que lhes mutilavam os frutos antes do tempo.
(3) O raminho da espiga consoante os locais pode compreender vários outros elementos, de significado menos preciso, integrados muitas vezes apenas para compor o ramalhete. São os casos, por exemplo, das margaridas, das campainhas, das rosas e até das favas.

http://www.cm-chamusca.pt/chamusca


Por este e todos os demais motivos, esta terra branca, situada bem no coração do Ribatejo, vai estar de braços abertos para receber todos os que por esta altura a visitam. De 20 a 24 Maio visite a Chamusca, são cinco dias de muitas e variadas actividades...
No Palco Ascensão destacam-se José Cid, João Chora e convidados, José Perdigão, Quinta do Bill e o musical “Cantos e Sons da Lusitânia”. O realce vai ainda a nível musical para os concertos pela noite dentro no Palco da Juventude com destaque para Quem é o Bob? (tributo a Bob Marley), Banda RCA, Vic James e Francisco Velez, The Peorth, Akunamatata, Declínios, Ferro e Fogo e Boom.

Viver despenteada!...

Hoje, em Espanhol...
Porque recebi este email do amiguito José Dias e não resisti a partilhá-lo...


VIVIR DESPEINADA
Hoy he aprendido que hay que dejar que la vida te despeine!
Por eso he decidido disfrutar la vida con mayor intensidad...

El mundo está loco. Definitivamente loco: Lo rico, engorda. Lo lindo sale caro. El sol que ilumina tu rostro arruga. Y lo realmente bueno de esta vida, despeina.
- Hacer el amor, despeina.
- Reírte a carcajadas, despeina.
- Viajar, volar, correr, meterte en el mar, despeina.
- Quitarte la ropa, despeina.
- Besar a la persona que amas, despeina.
- Jugar, despeina.
- Cantar hasta que te quedes sin aire, despeina.
- Bailar hasta que dudes si fue buena idea ponerte tacones altos esa noche, te deja el pelo irreconocible.

Así que como siempre cada vez que nos veamos yo voy a estar con el cabello despeinado. Sin embargo, no tengas duda de que estaré pasando por el momento más feliz de mi vida.
Es ley de vida: siempre va a estar más despeinada la mujer que elija ir en el primer carrito de la montaña rusa, que la que elija no subirse. Puede ser que me sienta tentada a ser una mujer impecable, peinada y planchadita por dentro y por fuera.
El aviso clasificado de este mundo exige buena presencia: Péinate, ponte, sácate, cómprate, corre, adelgaza, come sano, camina derechita, ponte seria, ... Y quizá debería seguir las instrucciones pero ¿cuando me van a dar la orden de ser feliz? Acaso no se dan cuenta que para lucir linda, me debo de sentir linda ... ¡La persona más linda que puedo ser!
Lo único que realmente importa es que al mirarme al espejo, vea a la mujer que quiero ser.

Por eso mi recomendación a todas las mujeres:
Entrégate, Come rico, Besa, Abraza, Baila, Enamórate, Relájate, Viaja, Salta, Acuéstate tarde, Levántate temprano, Corre, Vuela, Canta, Ponte linda, Ponte cómoda, Admira el paisaje, Disfruta, y sobre todo, deja que la vida te despeine!
Lo peor que puede pasarte es que, sonriendo frente al espejo, te tengas que volver a peinar.

Mafalda

terça-feira, maio 19, 2009

Mário de Sá Carneiro

Faria hoje 93 anos...

Verdadeiro insatisfeito e inconformista (nunca se conseguiu entender com a maior parte dos que o rodeavam, nem tão pouco ajustar-se à vida prática, devido às suas dificuldades emocionais), mas também incompreendido (pelo modo com os contemporâneos olhavam o seu jeito poético), profetizou acertadamente que no futuro se faria jus à sua obra, no que não falhou.
Com efeito, reconhecido no seu tempo apenas por uma fina élite, à medida que a sua obra e correspondência foi publicada, ao longo dos anos, tornou-se acessível ao grande público, sendo atualmente considerado um dos maiores expoentes da literatura moderna em língua portuguesa. Embora não tenha a mesma repercussão de Fernando Pessoa, a sua genialidade é tão grande (senão mesmo maior) que a de Pessoa, mas porém muito mais próxima da loucura que a do seu amigo.

Na fase inicial da sua obra, Mário de Sá-Carneiro revela influências de várias correntes literárias, como o decadentismo, o simbolismo, ou o saudosismo, então em franco declínio; posteriormente, por influência de Pessoa, viria a aderir a correntes de vanguarda, como o interseccionismo, o paulismo ou o futurismo.
Nessas pôde exprimir com à-vontade a sua personalidade, sendo notórios a confusão dos sentidos, o delírio, quase a raiar a alucinação; ao mesmo tempo, revela um certo narcisismo e egolatria, ao procurar exprimir o seu inconsciente e a dispersão que sentia do seu «eu» no mundo – revelando a mais profunda incapacidade de se assumir como adulto consistente.
O narcisismo, motivado certamente pelas carências emocionais (era órfão de mãe desde a mais terna puerícia), levou-o ao sentimento da solidão, do abandono e da frustração, traduzível numa poesia onde surge o retrato de um inútil e inapto. A crise de personalidade levá-lo-ia, mais tarde, a abraçar uma poesia onde se nota o frenesi de experiências sensórias, pervertendo e subvertendo a ordem lógica das coisas, demonstrando a sua incapacidade de viver aquilo que sonhava – sonhando por isso cada vez mais com a aniquilação do eu, o que acabaria por o conduzir, em última análise, ao seu suicídio.
Embora não se afaste da metrificação tradicional (redondilhas, decassílabos, alexandrinos), torna-se singular a sua escrita pelos seus ataques à gramática, e pelos jogos de palavras. Se numa primeira fase se nota ainda esse estilo clássico, numa segunda, claramente niilista, a sua poesia fica impregnada de uma humanidade autêntica, triste e trágica.
Por fim, as cartas que trocou com Pessoa, entre 1912 e o seu suicídio, são como que um autêntico diário onde se nota paralelamente o crescimento das suas frustrações interiores.


Fonte:Wikipedia

Álcool

Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longemente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.

Batem asas de auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de cor e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Descem-me a alma, sangram-me os sentidos.

Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo ---
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...

Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...

Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?

Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante ---
Manhã tão forte que me anoiteceu.

segunda-feira, maio 18, 2009

Anjos e Demónios... Langdon is back!


Anjos e Demónios é a primeira aventura de Robert Langdon, o professor de simbologia de Harvard que se vê, de repente, no meio de uma luta de titãs.

A aventura começa quando um famoso cientista do CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire) é assassinado, após conseguir simular o génesis num laboratório: criar matéria e anti-matéria a partir do vácuo. A antimatéria, sendo a mais poderosa fonte de energia conhecida até agora pelo homem, é também uma poderosa arma: um único grama de antimatéria contém energia equivalente à de uma bomba nuclear de vinte quilotoneladas – a potência da que foi lançada sobre Hiroxima.
O assassinato do cientista é reclamado por uma irmandade secreta que se pensava desaparecida há muito tempo: os Illuminatti. Como o próprio nome indica, essa irmandade seria constituída por iluminados – cientistas e livres pensadores perseguidos pela Igreja na Idade Média, como o próprio Galileu Galilei, suposto fundador da irmandade.
Ao mesmo tempo, no Vaticano dá-se início ao Conclave para eleger um novo Papa, contudo os quatro cardeais favoritos, são raptados misteriosamente.

Anjos e Demónios, tal como o seu sucedâneo, segue uma linha de suspense, que não nos deixa respirar enquanto não chegamos ao final. As teorias da conspiração de Dan Brown podem não ser reais, mas são bem imaginadas e entrelaçadas com factos, lugares e pessoas reais. Faz lembrar um certo slogan que diz «se não aconteceu, podia ter acontecido».
O livro centra-se na questão Ciência vs. Religião, ou como a Igreja poderá lidar com a decadência dos valores instituídos e com a emergência de novos. O Vaticano ainda não se pronunciou acerca do livro, ao contrário do que aconteceu com O Código da Vinci, em que um cardeal aconselhou os católicos a não lerem o livro, classificando-o como um «saco de mentiras». E talvez porque o fruto proibido é o mais apetecido, desta vez o Vaticano optou pelo silêncio.

Este livro tem mais acção e também mais romance que O Código da Vinci (aqui a parceira romântica de Langdon é Victoria Vetra, uma física brilhante, mestre de ioga). O livro foi publicado em 2000, mas posteriormente reeditado em 2005, devido ao estrondoso sucesso d' O Código; as vendas disparam aquando da morte de João Paulo II, pois na obra estão descritos minuciosamente os pormenores das cerimónias fúnebres de um Sumo Pontífice e do Conclave.

A terceira aventura de Langdon está a ser escrita por Dan Brown, que já se queixa da pressão e com certeza se perguntará quando a fórmula de sucesso de O Código da Vinci e Anjos e Demónios chegará à exaustão. No terceiro livro, Langdon viajará até Washington onde terá de enfrentar (mais) uma irmandade secreta.

Eu já vi e gostei bastante... li o livro e, como já tinha acontecido com o Código DaVinci, senti falta de alguns momentos importantes e literariamente melhor compostos, mas também é verdade que neste segundo filme o nosso amigo Tom Hanks já corresponde mais à minha imagem do professor Robert. E se no primeiro tivemos a oportunidade de passear pelo Louvre e de descobrir as imagens de alguns dos maiores quadros de todos os tempos... neste, temos o prazer único de viajar por algo que será em muito semelhante aos tesouros "escondidos" e "esquecidos" de uma nação que, sendo a mais pequena do mundo, é sem dúvida a mais rica... o Vaticano!

sexta-feira, maio 15, 2009

Quem abraça o Cristo Rei?


Cristo Rei abraça Lisboa. Quem abraça o Cristo Rei?
por Sílvia Caneco, Publicado em 15 de Maio de 2009, in ionline

Em 50 anos de história, muitas histórias já passaram pelo Cristo Rei. Até aquelas que não são verdade. De repente, há o dia em que alguém se lembra de dizer que beijou os pés do Cristo Rei (a estátua do Cristo Rei não tem pés), que o escalou num elevador panorâmico ou que já escreveu postais sentado nos seus braços. "No outro dia até me perguntaram: Mas agora não se pode ir aos olhinhos?? A senhora teimava a pés juntos que antes o Cristo tinha lá umas varandinhas nos olhos", conta Fernanda, 45 anos, andar trapalhão de braços a dar a dar, baixinha e roliça.
Há 20 anos a trabalhar no Santuário do Cristo Rei, Fernanda conhece todas as histórias de elevador. Há mais das divertidas e muitas repetem-se. Há as tristes, das duas pessoas que olharam Lisboa pela última vez a partir do local e há aquelas que nem pode contar: "Até o Cristo corava. São bacoradas muito feias."

Quatro euros, uma viagem de elevador, mais 59 degraus de escada estreita, curva e com corrente de ar, mais um lance de escadas e surge Cristo. Enorme e imponente, coração com quase dois metros, de braços abertos para Lisboa, 113 metros acima do nível do Tejo, ao lado das nuvens.
"Magnífico, magnífico! É a coisa mais bonita que já vi", exclama uma americana de bengala, olhos arregalados e mãos à volta da boca.
A amiga, de cabelos cinza pelos ombros, interrompe e aponta para a estátua: "Vê, parece mesmo que se mexe e vai cair para cima de nós quando as nuvens passam." E por momentos esquecem os jornalistas, os amigos e os maridos: "O Cristo tem uma lâmpada vermelha em cada mão", diz a de bengala. "Deve ser para os aviões não lhe baterem", responde a outra.
O grupo de amigos de São Francisco já esteve em Portugal mas, pela primeira vez, resolveu visitar o santuário antes de seguir para as praias da costa alentejana. São americanos e todos concordam: "Muito melhor do que a Estátua da Liberdade. Não tem comparação possível."
Kay Chan, de Singapura, está maravilhada. O namorado, André Yong, já experimentou mil posições incómodas - de cócoras, de barriga para baixo, ajoelhado de pescoço completamente esticado para trás - e mesmo com uma câmara com tripé ainda não conseguiu enquadrar o Cristo Rei na fotografia. Mas Kay não o deixa desistir. "Não percebo. Estivemos horas numa fila para a Torre Eiffel e aqui está vazio, quando é muito mais bonito", diz Kay.
Filipe, colete impermeável, óculos Ray-ban, usou o "melhor miradouro sobre Lisboa" para mostrar a cidade à namorada brasileira. "Já vim cá várias vezes." E baixa o tom de voz para dizer quase em surdina: "Não lhe diga nada, mas não há melhor sítio para engatar as miúdas."

Apesar da imagem esmagadora de Cristo, imenso sobre a ponte e sobre o Tejo, o monumento não é o que todos esperam. "Não dá para trepar a estátua e ver tudo lá de cima", como uma adolescente que se entretém a ver o elevador subir e descer reclama no final da visita de estudo. Ou para "subir à cabeça", como queria um rapaz de calções, pernas inchadas e óculos vermelhos de plástico. Ou "tocar nos braços", ou "ver o Cristo Rei por dentro", como muitos dos que passam na loja de recordações contestam. A grande desilusão é essa: mesmo lá em cima, apenas se pode olhá-lo de baixo.
"Às vezes sobem aquelas escadas antes de entrarem na loja e dizem ?já estamos nos braços?. Quando chegam lá acima e percebem que não vão conseguir sequer tocar nos braços ficam desiludidos", diz Elisa, funcionária da loja de souvenirs onde, num expositor de produtos tradicionais portugueses, se vendem frascos de pimenta rosa e verde ao lado de azeite, vinho do porto, latas de atum e galos de Barcelos.
Elisa, óculos redondos de aros dourado e testa alongada, trabalha no santuário há 49 anos. Começou um ano depois de o monumento ter sido inaugurado, a 17 de Maio de 1959, perante a imagem de Nossa Senhora de Fátima, a radiomensagem do Papa João XXIII, o olhar de 300 mil pessoas e voos turísticos da TAP de 45 minutos a 100 escudos por pessoa.

À porta, a capela de Cristo Rei tornou--se um lugar de andaimes e pedreiros. Maria José ajoelha-se, coloca as mãos atrás das orelhas e reza. Está compenetradíssima, como se os berbequins não trabalhassem e o vento, incontrolável, não soprasse um som sinistro. Nasceu na avenida abaixo e quase todos os dias vem ao santuário. "É um espaço de reencontro, aqui tenho paz e é à borla." À caixa com "as palavras de Deus" chegam pedidos estranhos: "Que livres o meu homem das pecadoras e das más companhias."

De noite, uma procissão partiu do Terreiro do Paço para prestar homenagem ao Cristo Rei


Enquanto em Paris se sobe à Torre Eiffel para apreciar a vista, em Lisboa, apesar do Castelo, o grande miradouro é, há meio século, o Cristo Rei. A 17 de Maio, este ex-líbris lisboeta, que é também um símbolo nacional, comemora 50 anos.
Construído em 1959, foi fruto da vontade do cardeal patriarca de Lisboa de então, D. Manuel G. Cerejeira, que, ao visitar, em 1934, o Rio de Janeiro, se inspirou pela estátua do Cristo Redentor. Juntou-se, mais tarde, um voto do Episcopado Português, que, em Fátima, deixou a promessa de construir o monumento se Portugal não se envolvesse na 2ª Guerra Mundial. Assim foi. Elevado a 113 metros de altura do nível do Tejo e com 28 metros, o Cristo Rei inclui capelas e uma sala de exposições, e funciona como miradouro e santuário, destino de peregrinações.

50 anos de mudanças
Nos últimos 50 anos, o Cristo Rei viu Lisboa mudar. Assistiu à chegada da democracia, do metropolitano, à construção da ponte Vasco da Gama e das torres das Amoreiras e conheceu 13 presidentes de Câmara só do lado de Lisboa. Concorreu às Sete Maravilhas de Portugal e recebeu uma «saia» de publicidade luminosa no Natal.
O reitor do Santuário, o padre Sezinando Alberto, salientou as principais mudanças que ocorreram durante a sua vida: foi construído um edifício de acolhimento para a comunidade religiosa e grupos de retiros, uma cafetaria e zona de merendas, e está em construção um miradouro.

Para celebrar o cinquentenário, serão muitas as actividades. Nos dias 16 e 17 são esperadas visitas de todos os bispos portugueses, do Presidente da República, da imagem de Nossa Senhora e relíquias de Santa Margarida. Haverá celebrações em igrejas e espaços públicos de Lisboa e Almada. Serão ainda lançados livros e um concurso de arte. Porque, afinal, este «é um santuário nacional».

As comemorações do cinquentenário do Cristo Rei vão obrigar a restrições à circulação automóvel no interior de Almada e nos acessos ao Santuário. Em resposta, a Fertagus, o Metro Sul do Tejo e a Transtejo reforçaram a oferta e criaram um Bilhete Único Diário válido para um número ilimitado de viagens. De acordo com a Fertagus, são esperados 200 000 peregrinos nos dias 16 e 17 deste mês.

quinta-feira, maio 14, 2009

Mais um encontro do aficcionado... às portas do Campo Pequeno


... hoje é quinta-feira e já não dá para fugir a elas...
... às touradas no nosso Campo Pequeno, claro está!...

Mais uma peregrinação...


Centenas de peregrinos despediram-se esta quarta-feira da Virgem Maria, no Santuário de Fátima, numa cerimónia do dia 13 de Maio marcada, sobretudo, pela emoção.


Na celebração, presidida pelo representante máximo da Cáritas Internacional, a crise foi um dos temas presentes. Em tempos particularmente difíceis, o cardeal D. Óscar Maradiaga falou da importância do exemplo de Mãe de Deus para os fiéis e na actualidade da mensagem de Fátima como apoio para todos os cristãos nas adversidades do quotidiano e na superação das dificuldades que se colocam à sociedade.
O arcebispo de Tegucigalpa alertou que o Mundo «se encontra submerso em profundas crises de fé, de ética, de humanidade e parece ter perdido a orientação moral». «Já não sabe onde está a fronteira entre o bem e o mal. Pode ser que tenha uma próspera bolsa de valores, mas sem valores», continuou. «A crise financeira que estamos a viver é simplesmente um sinal disto», acrescentou o cardeal.

Já na terça-feira à noite, a multidão encheu de luz o santuário da Cova da Iria, numa procissão de velas muito emotiva e carregada de Fé. A luz de milhares de velas iluminou as preces de peregrinos de todo o mundo, de todas as idades.

A peregrinação de 13 de Maio ao Santuário de Fátima celebra os 92 anos da primeira aparição aos videntes Francisco, Jacinta e Lúcia, em 1917.
Sinal dos tempos, as celebrações deste ano têm segurança reforçada com câmaras de vigilância. Há também a distribuição de panfletos informativos sobre a gripe A, já que são milhares as pessoas concentradas no mesmo local, muitas deles, vindas do estrangeiro.
A fé é que não parece ser afectada pelo passar dos tempos. Muitos foram os peregrinos que enfrentaram o cansaço e mesmo o perigo e caminharam centenas de quilómetros para chegar a Fátima. No recinto, são muitos também os que continuam a dar a volta ao santuário de joelhos como sinal de fé.

Abraço forte à mamã e à madrinha que, pela 6ªvez consecutiva, se fizeram ao caminho... esforço, reconciliação, força para continuar a viver...

sexta-feira, maio 08, 2009

Reentrée do Campo Pequeno... à grande e à franc... perdão, à espanhola!

Perante casa cheia estreou-se a noite passada a temporada lisboeta 2009.
Perante um curro de Passanha que cumpriu mas não transmitiu, lidaram: Pablo Hermoso de Mendonza (2 voltas e 2 voltas), colocando o público lisboeta em euforia; António Telles (volta e volta) o clássico dos clássicos esteve em bom plano, apesar da aparatosa colhida nos instantes iniciais da primeira lide; e Vitor Ribeiro ( volta e silêncio), que não teve tanta sorte com o lote que lhe calhou.
Pegaram os forcados de Lisboa e Coruche, que tiveram uma noite tranquila.


in Sol e Sombra
foto by João Silva


Noite agradável na capital... os 4 convivas chegam à praça do Campo Pequeno meia hora antes de abrir a função. Recepção por centena, centena e meia de protestantes, enjaulados, barulhentos e desagradáveis até à 5ªcasa... do outro lado, livres como autênticos "toiros de lide", os aficcionados (cerca de 6mil!!!!!) passeavam à vontade nas redondezas da catedral, como se estivessem no campo... no mesmo campo onde reinam durante 4 anos os animais que os outros julgam precisar de defesa! Enfim... entramos na praça e rapidamente esquecemos os incómodos ;)

5 minutos antes da hora marcada (ou isso, ou o meu relógio precisa de pilha!) ouvem-se os primeiros acordes, protagonizados pela Banca do Samouco... começam as cortesias! Victor Ribeiro a marcar pela mísero gosto na escolha das cores para a nova casaca, que apesar de tudo lhe assentava muito bem, mérito seja dado ao alfaiate Manuel Marques (Biscainho).
Momentos de pânico no redondel mal se abre a porta dos sustos. O Passanha a fazer uma pega de caras ao cavalo Paim... Maestro no chão!... Refeito do aperto, o nosso António voltou com mais ganas de o comer que sei lá o quê!... E assim o fez... cada curto melhor que o outro, a entrar de frente, pela cara do toiro (como manda a regra) e a cravar de alto a baixo, ao estribo! E venham-me lá dizer agora que este não é o melhor cavaleiro da tradição nacional?!...
Depois, o fenómeno... recebido em ambiente de euforia (ARRIBA PABLOOOOOO!), não defraudou e fez o seu toureio, com câmbios e a ladear... como convinha aos toiros que a ganadaria Passanha apresentou nesta noite, em Lisboa. 2 voltas a pedido do público!... mais merecidas neste do que no 2ºtoiro, mas pronto...
E pachorra para aturar o Vitor Ribeiro depois?!... "Deus t'a livre!" Lá veio e lá fez o que sabe, que a mais não é obrigado... deu a sensação de andar um bocadinho descalço, oxalá seja só uma má fase!
A 2ªparte, para mim, já não teve tanta história... valeu pelos demais momentos de euforia do público, perante o espanhol e pouco mais... MATALOOOO PABLOOOO!!! (os desgraçados hoje nem devem piar...)
As pegas de Lisboa e Coruche aconteceram sem problemas de maior... o grande "quipróquó" deu-se quando o forcado António Macedo deu volta à praça depois de ter estado fora da cara do toiro, sendo que assim a pega não deveria ter sido considerada consumada. Mas pronto... se o cabo não o mandou tar quieto, quem sou eu?!

O melhor da noite foi mesmo a companhia... nada como ir ver toiros com verdadeiros aficionados! Só dispensava os atrasados que estavam nas nossas costas, que pareciam ser todos "Extravaganza", já que passaram a bela da corrida quase toda ao telemóvel, a dar instruções de como é que os empregados deviam servir a sopa e o camandro... "é pá vida e é pá morte, tamos a ódios!"



A foto da noite foi tirada por Sua Alteza Real, o filho do Rei de Espanha... lololol... Quim Zé Salvador, que deve ter cumprimentado todo o Sector 3... mais uns quantos que encontrou nos corredores da praça!... Pati "Letizia" Isabel, "Infanta Helena" Cabacita e o papá Manel... elenco de luxo na reabertura do Campo Pequeno!!!

E oléééé!!!

quinta-feira, maio 07, 2009

D.Vicente da Câmara


E hoje faz anos...
Vicente da Câmara (Lisboa, 7 de Maio de 1928) é um fadista português, sobrinho de Maria Teresa de Noronha.

Vicente nasceu em berço aristocrata, filho de D. João da Câmara, notável radialista e locutor da rádio portuguesa, e cresce sob influência de uma educação marcadamente ligada ao fado, em particular da sua tia Maria Teresa de Noronha e de D. João do Carmo de Noronha, seu tio-avô. Mais tarde viria a dizer:
O que é a aristocracia? A aristocracia tanto pode estar no povo como noutra coisa qualquer. (...) O aristocrata é aquele que sobressaiu.

É portanto naturalmente que entra nos meandros do fado, e tendo ganho um concurso, abre as portas da Emissora Nacional com 20 anos, em 1948. Dois anos mais tarde assina o primeiro contrato discográfico com a editora Valentim de Carvalho e, a partir daí, grava êxitos como Fado das Caldas e Varina.
Progressista do fado castiço, o mais tradicional de Lisboa, era dado ao improviso e destacou-se pela sua voz timbrada, naturalidade com que interpreta as suas músicas e utilização de melismas, raridade no fado.
Durante uma entrevista, insurge-se contra as convenções políticas e afirma ser o fado uma música pobre, e que é na pobreza que reside a riqueza, grandeza, liberdade e valor.

Afincadamente contra os mais conservadores que apenas recriavam os clássicos, ficou para a posteridade o seu maior sucesso, A moda das tranças pretas, que constituiu entre os outros fados do seu repertório, um ex-líbris do fado castiço. Segundo a história, tê-lo-á composto 1955 e 1956 num quarto de hotel em Santarém. Em 1967 surge o contrato com a Rádio Triunfo.
Na década de 1980, já com algumas digressões internacionais na carreira, as atenções do oriente prenderam-se no fado, e tal entre uma vaga de fadistas como Amália Rodrigues, Maria Amélia Proença e outros, fez digressões no Extremo Oriente. Em 1989 assinala o quadragésimo aniversário da sua carreira no Cinema Tivoli.


Pai do também fadista José da Câmara, é um dos poucos fadistas restantes da geração do fado aristocrata. Em 2007 o seu trabalho ficou imortalizado no filme Fados, de Carlos Saura.

É mesmo uma das minhas cenas preferidas...

Parabéns D.Vicente!

quarta-feira, maio 06, 2009

A últimas das sobreviventes...

Morreu Bárbara Ganhão, a menina do olho azul, a últimas das sobreviventes do Terramoto de 1909, em Benavente. Faria no dia 9 deste mês 106 anos, mas Deus achou que já tinha vivido e contado tudo e chamou-a a si ontem, dia 05.05.2009.

Tinha apenas cinco anos, naquela tarde de 23 de Abril, quando ouviu "um grande estrondo. E a casa caiu em cima de nós".
Recorda ao pormenor o que sucedeu antes, durante e depois do sismo, de 6,7 graus na escala de Richter, que causou 30 mortos e 38 feridos, destruiu por completo 40% das cerca de mil casas da vila e danificou as restantes. Só uma ficou intacta.
Enquanto conta a história, os seus olhos azuis vão ganhando uma nova vida, como se estivessem outra vez a ver tudo o que se passou há 96 anos. "Uma vizinha da minha mãe foi-lhe pedir para ir com ela à quinta onde o pai era caseiro. A minha mãe disse que não saía de casa, porque tinha lido no Borda d'Água que ia haver um abalo de terra pelas cinco da tarde", lembra Bárbara Ganhão.
Mas depois acabou por ir, com a pequena Bárbara, a vizinha e as duas filhas desta - uma com seis anos e a outra mais nova. "Fomos pela estrada do Miradoiro. Quando lá chegámos, a vizinha pediu dinheiro ao pai dela, que era caseiro e estava a regar o campo. Ele disse para irmos à casa do caseiro buscar figos", lembra Bárbara.
E foi quando as cinco já estavam lá dentro, pouco depois das 17.00 - como a mãe de Bárbara dissera -, que se "ouviu um grande estrondo e a casa caiu em cima de nós", disse, fazendo um gesto largo com as mãos.
"Eu gritava de lá de baixo, a chamar o pai da vizinha Ó senhor Júlio, nós estamos aqui. Ele ouviu e pediu a uns homens com umas enxadas para nos tirar dali. Fizeram um buraquinho para eu poder respirar e um deles disse para os outros: 'Já estou a vê-la. É uma menina de olhinho azul.' Depois foram tirando a terra e as pedras e desenterraram-me", recorda.
Debaixo dos escombros, não restava mais ninguém com vida "Coitadas, elas quatro ficaram logo todas esborrachadas, porque lhes caíram em cima os barrotes e as pedras. Só eu é que escapei e não parti a cabeça nem nada. Só fiquei com as pernas doridas. No campo, abriram-se bocas de lume e saía de lá areia e conchinhas."
Quando voltou, reparou que "a vila estava toda tapada com pó. Muitas casas caíram e as que ficaram em pé estavam todas arruinadas. A minha só rachou, mas só voltámos para casa três anos depois, quando a arranjaram".
Lembra que "um carro puxado por burros foi buscar os corpos delas quatro e levou-os para uma vala aberta no cemitério, onde enterravam as pessoas todas".
À volta da vila montaram tendas e cobertas para as pessoas pernoitarem e depois "foram fazendo barracas de madeira com telhado de zinco, onde as pessoas passaram três anos até a vila ser arranjada", contou esta sobrevivente.
Desde esse dia, Bárbara Ganhão passou a ter "um medo terrível de terramotos. Ainda hoje tenho". Actualmente vive com a filha, numa habitação recente, também em Benavente.
Das edificações que resistiram ao terramoto e ainda se mantêm, poucas restam, porque algumas foram entretanto demolidas para dar lugar a novos prédios. De pé continuam apenas a câmara municipal, a Igreja da Misericórdia e a habitação onde a pequena Bárbara vivia com a sua família, o número 68 da Rua Luís de Camões. Actualmente ninguém mora lá e a casa está à venda.
Segundo informações diponibilizadas pelo Museu Municipal de Benavente, para a reconstrução da vila ribatejana foram realizados muitos peditórios a nível nacional. Uma dessas iniciativas partiu do Diário de Notícias e deu origem à construção de um bairro com 14 casas que recebeu o nome do jornal e foi inaugurado em 1912. Ainda lá estão as casas, entretanto restauradas. O jornal O Século fez uma casa, que já foi demolida e deu lugar a um prédio.
Os mesmos registos consideram ter morrido pouca gente, porque a maioria das pessoas estava a trabalhar no campo. Depois do terramoto seguiram-se réplicas durante meses. E houve muita fome, porque os fornos ficaram destruídos e não se podia cozer pão.
Qualquer dia só restarão estes registos para contar a história, porque entre a população já quase ninguém o sabe fazer.
Sentados em bancos de jardins, dois grupos de septuagenários conversavam, quando a equipa de reportagem do DN os interrompeu para saber se algum deles ainda se lembrava do terramoto.
"Não. Não sabemos de nada, porque ainda somos muito novos. Não somos desse tempo. Ouvimos algumas pessoas contar que caíram as igrejas e mais umas coisas", responderam dois deles.
Apontando para o fundo da rua, um deles aconselhou "O melhor é irem ali ao lar de idosos, que é capaz de ainda haver alguém mais velho que se lembre disso."
E havia mesmo. Muito enrugada, toda vestida de negro e aconchegada num cadeirão, Rita Marques, de 99 anos, ainda se lembrava de alguma coisa, "mas pouca, porque nessa altura só tinha dois anos". Recorda-se de "andar a brincar e a virar as pedras da igreja matriz, que caiu toda aos bocados".
Quando a terra tremeu, "estava em casa com a mãe e o irmão, de dois meses. A minha mãe fugiu de casa comigo e esqueceu-se do bebé. Quando voltámos pouco depois, a casa tinha caído. Ele continuava deitado na cama, com pedras e barrotes caídos à sua volta. Mas ele não foi atingido por nada. Foi milagre", contou.

DN, 01.Novembro.05




Bárbara Ganhão não vai poder voltar a contar a história. Já ninguém pode. Era a única sobrevivente viva. Restam agora as entrevistas feitas a esta mulher com uma memória prodigiosa, que no dia seguinte ao terramoto beijou a mão ao rei D.Manuel II. Fora isso, a benaventense teve uma vida normal. Casou aos 17 anos, nunca se afastou de Benavente e foi pela primeira vez a Lisboa com 22 anos. Para fazer pouco mais de 40 quilómetros teve de usar três meios de transporte: carroça, barco e comboio. Enfim, uma aventura. Porém, a maior da sua vida foi mesmo ter fintado a morte no dia do Terramoto. A "finta" deu-lhe mais cem anos de vida. Bárbara faria 106 no próximo sábado. Para tristeza dos seus companheiros no lar da terceira idade, não chegou lá. Deixou-nos uma certeza: quando passarem 101 anos do Terramoto o DN já não vai ter ninguém para "chatear".

O corpo de Bárbara Ganhão esteve em câmara ardente na Igreja de Benavente e o funeral realizou-se hoje às 14h30, tendo sido sepultada no cemitério local.


Até sempre, Bá!...

Sabor Flamenco...

Eu disse que voltava com o programa das festas... ;)

Hoje mesmo, em Samora:

LARGO DO CALVÁRIO
19h00 - Largada de Toiros

CENTRO CULTURAL DE SAMORA CORREIA
21h30 - Inauguração da Exposição de Fotografia de PAULO TORRADO“CAMPINOS“
21h45 - Espectáculo FADO E FLAMENCO
- Grupo de Sevilhanas Canela e Manzanilla da Casa do Povo de Samora Correia
- Grupo de Sevilhanas da AGISC
- Grupo de Sevilhanas da SFUS (as melhores!!!)
- Danças de Salão da AREPA
- Os Fadistas: PAULA TEIXEIRA, MÁRIO COELHO, CARLOS OLIVEIRA, MARCO ALEXANDRE, GENA e ANTÓNIO PINTO BASTO, acompanhados por DINIS LAVOS (Guitarra Portuguesa) e ARMANDO FIGUEIREDO (Viola).

terça-feira, maio 05, 2009

Dizia eu...

Dizia eu, no dia 16 de Março deste ano...

Gosto de "Amores-Perfeitos"... e de princípes encantados, que me lancem a mão e me levem à garupa... até onde a imaginação nos possa acompanhar...



Quer-me cá parecer que vou ter que aprender a andar a cavalo :)

segunda-feira, maio 04, 2009

Mondays...


Volto amanhã... na esperança de ter mais tempo e pachorra para escrever...

sábado, maio 02, 2009

Tempos bons...


Hoje é tarde de... cavalos e caracóis!... :)

Já me cheira a verão...