Jorge Rodrigues, de 34 anos, agricultor, foi condenado pelo Tribunal Judicial de Celorico da Beira a uma pena de 90 dias de multa, à razão de cinco euros por dia, por ter sido apanhado a 11 de Agosto a conduzir o veículo de tracção animal com uma taxa de alcoolemia de 2,85 g/l no sangue.
O valor mínimo da multa aplicada, que totaliza 450 euros, teve em conta, segundo a juíza de turno que ditou a sentença, a situação social do arguido e o facto de ser primário. Foi-lhe ainda aplicada, como pena acessória, a inibição de conduzir qualquer veículo motorizado por um período de sete meses.
A pena exclui a proibição de o arguido guiar a carroça puxada pela burra, o meio de transporte que mais utiliza, pese embora ter licença, segundo o próprio, para conduzir tractores e motociclos.
Neste caso, a juíza Cláudia Jesus, que considerou ?muito grave? o crime pelo qual o agricultor ia acusado, aconselhou-o a nunca pegar num veículo, seja ele a motor ou de tracção animal, depois de ter bebido. ?Venda a burra se ela for uma tentação?, desafiou.
Bebeu por estar chateado
Jorge Rodrigues, residente em Salgueirais, concelho de Celorico da Beira, percorreu, ontem, cerca de oito quilómetros sem carroça e sem burra, para ir ouvir a sentença do tribunal. “Fizémos a viagem a pé, debaixo de uma torreira, e só parámos para comer um bocado de pão com chouriço empurrado por pinga de água”, relatou Conceição, mulher do arguido.
Jorge Rodrigues, que sofre de ataques epilépticos, reconheceu perante o tribunal ter cometido os factos que lhe valeram a acusação por um crime de condução em estado de embriaguez. E assumiu que recusou a contra-prova da alcoolemia proposta pelas autoridades.
Porque conduzia embriagado? “Andei todo o dia a trabalhar a seco (sandes) e a beber. Ao jantar bebi mais vinho. Depois começaram a chatear-me e abalei com a carroça”, relatou.
A juíza lembrou ao arguido a gravidade do crime que cometeu, e avisou-o de que não o quer ver mais no tribunal. Se tal acontecer mais vezes, advertiu-o que poderá ir parar à cadeia.
O advogado oficioso do arguido, Sérgio Marques, vai pedir a substituição da pena de multa por trabalho em favor da comunidade. Em Setembro, no entanto, Jorge Rodrigues volta a sentar-se no banco dos réus, para responder por outro crime semelhante.
Jorge e a mulher andaram 8 quilómetros a pé para ouvir sentença
in Jornal de Notícias, 20.08.2010
1 comentário:
Já uma pessoa não pode emborcar um copito!!!
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