Estás novamente naquele lugar escuro... naquele lugar onde te fechas a sete chaves e não deixas ninguém entrar.
Não deixas ninguém entrar, não deixas perceber o real motivo dessa necessidade de isolamento, não deixas sequer que te tentem ajudar.
Quando a ajuda te pressiona, te confronta, te amedronta o resultado é o mais fácil de todos: a fuga.
A fuga dos pensamentos, dos sentimentos, das atitudes, das palavras.
Estás novamente naquele lugar escuro... naquele lugar onde me afastas de ti. Onde afastas todos aquele que te querem bem.
Aquele lugar onde apenas deixas que se aproximem de ti as futilidades e banalidades do dia a dia, aquelas que não implicam uma reflexão profunda e que permitem um afastamento momentâneo de todos os pensamentos que causam frustração, confusão e dor.
E mesmo essas futilidades te chateiam... e mesmo as banalidades são pesadas demais para ti.
Estás novamente naquele lugar escuro.. para onde é mais fácil a ida, porque o bilhete já está comprado e a viagem já é conhecida.
O que causa medo e nervosismo é o desconhecido... o imprevisível... o deixares-te levar.
A novidade nem sempre é o caminho mais fácil. Porquê enfrentar a possível derrota? O melhor é nem gastar energias a tentar... Viver sozinho, com os nossos medos, as nossas angústias e tormentos é sempre mais fácil do que tentar dividi-los com alguém que pode não compreender e mandar-nos dar uma volta sem grandes explicações.
A minha vida não é esta... nunca gostei de estar sozinha em lugares escuros. Isso sim, causa-me medo!
A novidade não me assusta... assusta-me a novidade sem ninguém ao meu lado para dividir as tormentas, para me amparar nas possíveis quedas, para ajudar nos recuos, quando estes são inevitáveis. Porque o caminho certo nem sempre está claro, à nossa frente e errar é humano e acontece!
Eu vivo às claras! Amo as minhas qualidades, vivo com os meus defeitos e cada dia é uma possibilidade de fazer melhor... ser melhor!
Escolho o que quero, porque quero... sem reservas, dou o que tenho e, muitas vezes, o que gostaria de ter. E assim, vivo, sou e aconteço!
(texto ficcional, by Patrícia Figueiredo)